[Crítica] Oz: Mágico e Poderoso
O mágico ilusionista...
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O mágico ilusionista...
Oz: Mágico e Poderoso é a nova produção de fantasia da Disney dirigida por Sam Raimi, que talvez nem fosse o nome mais indicado para o projeto, mas que soube se utilizar muito bem das interpretações que o longa pode ter, seja como solo e original ou como um prequel do clássico O Mágico de Oz.
Oz, como é apelidado o personagem de James Franco, é um simples ilusionista comercial do Kansas, que distrai o público com a "magia" de seus truques baratos, e também engana muitas das pessoas que convivem com ele em busca de seus aparentemente rasos objetivos. Mas logo descobrimos que Oz tem grandes ambições pela frente, e não quer ser somente "mais um bom homem", e sim conquistar algo grandioso em busca de seus objetivos. Ao ter que fugir do Kansas por um motivo bem peculiar, Oz acaba indo parar no centro de um tornado que o leva consequentemente para a terra que carrega o mesmo nome que o seu, descobrindo que uma profecia lendária do fantasioso local esperava que um mágico vivesse lá para governar as terras e fazê-las voltarem aos tempos de glória. Com as ambições que tinha, Oz acabou aceitando o desafio na busca de todo o ouro que o prometiam, mas logo descobriu que para isso teria que ser um líder para vencer a bruxa má e seu exército, o que o leva por várias vezes a ponto de desistir, já que não era lá um grande exemplo de um homem batalhador.
Sim, esta Oz é a mesma que Dorothy se aventura no filme de 1939, o mágico protagonista no longa atual também é o mesmo que Dorothy procura no clássico, e a bruxa má é a mesma que tenta pará-la em O Mágico de Oz, e por isso Oz: Mágico e Poderoso pode sim ser considerado um prequel do longa citado: Já que ocupa-se de contar as origens e histórias por trás do lendário mágico, não deixando de contar com diversas referências que serão notadas por quem assistiu O Mágico de Oz, o que não impede o filme que este texto aborda de funcionar tão bem quanto para quem ainda não assistiu, e até pode soar superior se não comparado ao clássico, algo que não tenho intenção de fazer.
A começar por seu protagonista, construído de uma forma que, embora possa não parecer de grande influência, acaba prejudicando seu desenvolvimento durante a projeção, já que este acaba soando eticamente bipolar, passando de um enganador com objetivos mesquinhos a um homem com metas de ser grandioso, sem ordem cronológica para isso, mudando sua personalidade quando quer e precisa, prejudicando sua evolução como personagem, mas sem modificar a interessante construção que o por vezes irregular James Franco o entregou, a mais adequada para o personagem. Diferentemente da bruxa vivida por Mila Kunis, por exemplo, que passa da meiga e humana bruxa que o recebe em Oz em sua chegada à uma bruxa tomada pelo ódio de ter o coração partido por ele, influenciada pela verdadeiramente má, sua irmã (Rachel Weisz), que é construída representando bem esta mudança de caráter. Mesclando personagens interessantes, como os citados, a outros desnecessários como o "anão resmungão", que parece somente tentar acrescentar mais tom cômico à trama.
Um interessante elemento presente em Oz: Mágico e Poderoso é o tom que adota, onde diferentemente de outras releituras que foram dadas a obras clássicas no Cinema recente, não tenta adotar um tom épico a uma trama que sequer se adequa a este, sempre mantendo um clima mais leve como sua fotografia remete. Quando mesmo nos momentos mais sombrios do filme procura manter elementos com suas cores mais claras e vivas, diferentemente de sua trilha sonora, composta por Danny Elfman, que não vai além de outros trabalhos que já fez e insiste em típicas intervenções sonoras de um clima mais épico. E embora este clima mais leve cause influência em seu peso dramático que não é explorado com maior intensidade, é interessante observar o desenvolvimento de algumas cenas mais sensíveis - como a da boneca de porcelana - que conseguem levemente atingir certa dramaticidade.
Mas o que certamente irá satisfazer o expectador é o deleite visual que Oz: Mágico e Poderoso nos proporciona, recriando a terra de Oz com recursos técnicos que permitem explorar muito mais seu potencial visual, consegue conferir a construção de cenários mágicos como uma boa produção da Disney como esta deve ter, e o auxílio de competentíssimos efeitos sonoros nos adentram ainda mais ao clima de Oz, juntamente com a terceira dimensão muito bem utilizada por Sam Raimi.
Embora ainda falte originalidade que o impeça de construir seu terceiro ato com a chamada "batalha final", que acaba apostando justamente em elementos que estavam entre os méritos do filme por não terem sido utilizados, com os confrontos entre bruxas e exércitos que apostam em inserir certa sombriedade, devemos reconhecer que, mesmo utilizando de sua forma uma releitura clássica, não podemos alegar que Oz: Mágico e Poderoso não alcançou sua originalidade.