[Crítica] Oscar 2013: Django Livre (Django Unchained)
Num cenário de deserto, pouco antes da Guerra Civil Americana, uma alta canção com o personagem-título se impõe, os letreiro...
http://siteloggado.blogspot.com/2013/02/critica-oscar-2013-django-livre-django.html
Num cenário de deserto, pouco
antes da Guerra Civil Americana, uma alta canção com o personagem-título se
impõe, os letreiros típicos de western movies
surgem, sabemos que estamos no novo longa de Quentin Tarantino, Django Livre.
Um grupo de escravos são
levados pelos fazendeiros, quando a carruagem de Dr. King Schultz (Waltz) chega
ao local. O doutor, muito tranquilo, requer falar com Django (Foxx), um escravo
que já pertenceu ao local que Schultz procura. Ele quer comprá-lo, mas seu
pedido é negado. Logo, o germânico levemente atira em ambos os donos de
escravos e leva Django com ele, não como escravo, mas como um companheiro em
sua busca.
Basicamente, Django Livre poderia simplesmente
seguir nesta jornada, mas solidifica sua trama inserindo uma busca de Django
por sua esposa, que foi levada para um sítio famoso por seus mal-tratos a
escravos. Schultz é um caçador de recompensas no velho oeste, e simplesmente
mata pessoas buscadas em troca de dinheiro. Inicialmente ele é tratado como um
homem extremamente frio e cruel do longa, ao matar pessoas a tiros sem muito
pensar nelas, e vocês entenderão o motivo deste "inicialmente".
Após um período trabalhando
junto com Schultz, podemos perceber a evolução do personagem de Django, que ganha
mais inteligência influenciada pelo caçador de recompensas. A partir deste
momento, a jornada de ambos segue em busca de Broomhilda (Washington) e -
consequentemente - de justiça.
Conduzindo sua jornada
abordando especialmente estas personagens, o roteiro de Tarantino insere Calvin
Candie (DiCaprio), um dono de escravos cruel e impiedoso, algo que é
eficientemente demonstrado com Candie incentivando e assistindo uma cruel luta
entre negros, e o motivo do "inicialmente" pouco atrás citado, é que
a partir deste avançado momento do longa, Candie se torna um homem cruel até
para Schultz, o que é muito importante para o propósito do filme, já que mostra
que a crueldade de atirar nos procurados pelo caçador estava longe de se
igualar à crueldade dos donos de escravos com os negros que maltratam. E a
interpretação de DiCaprio é essencial para isso, empregando esta crueldade ao
seu personagem, e mesmo com esta presença, quem segue roubando a cena do longa
é Christoph Waltz, que insere o bom-humor e tranquilidade perfeitos - e com
grande naturalidade - ao seu Dr. King Schultz, numa interpretação fascinante
que torna seu personagem ainda mais interessante do que os mais focados.
E com estas e outras cenas,
Tarantino insere o importante ponto que poucos levarão em conta em Django Livre: A crítica social à época
da escravidão, retratando como era errôneo e cruel tratar os negros desta
forma, e utiliza cenas que por cima soam apenas como diversão para realizar
ainda mais críticas ao movimento da escravidão, como aquela em que vários donos
de escravos vão realizar a destruição da carruagem em que Django e Schultz
estariam.
Durante esta duração que
alcançamos, Django Livre se mostra
um filme extremamente dinâmico e recheado de diálogos divertidos, e consegue
nos aprofundar no universo western,
especialmente utilizando-se de sua excelente trilha sonora, ambientação,
figurinos e - mais ainda - de sua excepcional fotografia que remete e
referencia os filmes do gênero, com closes pausados em seus personagens em
movimentos destacados.
Se até então Django Livre se construía um
excepcional filme, uma pena que em seu terceiro ato, por possíveis problemas de
montagem, o filme acaba se arrastando mais do que o necessário, e apostando
numa longa inserção de tiroteio logo após o grande momento de clímax do longa -
em que dois importantes personagens morrem - prejudicando o peso dramático e
tensão que havia sido passada pelas cenas anteriores. E após esta sequência, o
filme ainda conta com mais inserção de cenas que provavelmente poderiam
encerrá-lo, mas este final acaba sendo adiado.
Por sorte, esta experiência de
grande parte do terceiro ato não prejudica o universo criado e desenvolvido
pelo grande roteiro de Tarantino, que nos apresenta à personagens e diálogos
fascinantes, divertidos e repletos de uma crítica ao racismo e à escravidão e
comportamentos da época, proporcionando uma - volto a dizer - atuação de mestre
de Christoph Waltz, e uma grande volta do bom e velho western.
"Auf wiedersehen.” - Dr. King Schultz