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[Crítica] Oscar 2013: Django Livre (Django Unchained)

Num cenário de deserto, pouco antes da Guerra Civil Americana, uma alta canção com o personagem-título se impõe, os letreiro...


Num cenário de deserto, pouco antes da Guerra Civil Americana, uma alta canção com o personagem-título se impõe, os letreiros típicos de western movies surgem, sabemos que estamos no novo longa de Quentin Tarantino, Django Livre.

Um grupo de escravos são levados pelos fazendeiros, quando a carruagem de Dr. King Schultz (Waltz) chega ao local. O doutor, muito tranquilo, requer falar com Django (Foxx), um escravo que já pertenceu ao local que Schultz procura. Ele quer comprá-lo, mas seu pedido é negado. Logo, o germânico levemente atira em ambos os donos de escravos e leva Django com ele, não como escravo, mas como um companheiro em sua busca.

Basicamente, Django Livre poderia simplesmente seguir nesta jornada, mas solidifica sua trama inserindo uma busca de Django por sua esposa, que foi levada para um sítio famoso por seus mal-tratos a escravos. Schultz é um caçador de recompensas no velho oeste, e simplesmente mata pessoas buscadas em troca de dinheiro. Inicialmente ele é tratado como um homem extremamente frio e cruel do longa, ao matar pessoas a tiros sem muito pensar nelas, e vocês entenderão o motivo deste "inicialmente".

Após um período trabalhando junto com Schultz, podemos perceber a evolução do personagem de Django, que ganha mais inteligência influenciada pelo caçador de recompensas. A partir deste momento, a jornada de ambos segue em busca de Broomhilda (Washington) e - consequentemente - de justiça.

Conduzindo sua jornada abordando especialmente estas personagens, o roteiro de Tarantino insere Calvin Candie (DiCaprio), um dono de escravos cruel e impiedoso, algo que é eficientemente demonstrado com Candie incentivando e assistindo uma cruel luta entre negros, e o motivo do "inicialmente" pouco atrás citado, é que a partir deste avançado momento do longa, Candie se torna um homem cruel até para Schultz, o que é muito importante para o propósito do filme, já que mostra que a crueldade de atirar nos procurados pelo caçador estava longe de se igualar à crueldade dos donos de escravos com os negros que maltratam. E a interpretação de DiCaprio é essencial para isso, empregando esta crueldade ao seu personagem, e mesmo com esta presença, quem segue roubando a cena do longa é Christoph Waltz, que insere o bom-humor e tranquilidade perfeitos - e com grande naturalidade - ao seu Dr. King Schultz, numa interpretação fascinante que torna seu personagem ainda mais interessante do que os mais focados.

E com estas e outras cenas, Tarantino insere o importante ponto que poucos levarão em conta em Django Livre: A crítica social à época da escravidão, retratando como era errôneo e cruel tratar os negros desta forma, e utiliza cenas que por cima soam apenas como diversão para realizar ainda mais críticas ao movimento da escravidão, como aquela em que vários donos de escravos vão realizar a destruição da carruagem em que Django e Schultz estariam.

Durante esta duração que alcançamos, Django Livre se mostra um filme extremamente dinâmico e recheado de diálogos divertidos, e consegue nos aprofundar no universo western, especialmente utilizando-se de sua excelente trilha sonora, ambientação, figurinos e - mais ainda - de sua excepcional fotografia que remete e referencia os filmes do gênero, com closes pausados em seus personagens em movimentos destacados.

Se até então Django Livre se construía um excepcional filme, uma pena que em seu terceiro ato, por possíveis problemas de montagem, o filme acaba se arrastando mais do que o necessário, e apostando numa longa inserção de tiroteio logo após o grande momento de clímax do longa - em que dois importantes personagens morrem - prejudicando o peso dramático e tensão que havia sido passada pelas cenas anteriores. E após esta sequência, o filme ainda conta com mais inserção de cenas que provavelmente poderiam encerrá-lo, mas este final acaba sendo adiado.

Por sorte, esta experiência de grande parte do terceiro ato não prejudica o universo criado e desenvolvido pelo grande roteiro de Tarantino, que nos apresenta à personagens e diálogos fascinantes, divertidos e repletos de uma crítica ao racismo e à escravidão e comportamentos da época, proporcionando uma - volto a dizer - atuação de mestre de Christoph Waltz, e uma grande volta do bom e velho western.

"Auf wiedersehen.” - Dr. King Schultz
 
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