[Review] Boardwalk Empire S03E04/05/06 - Blue Bell Boy/You'd Be Surprise/Ging Gang Goolie
Seguindo a maratona de Reviews de Boardwalk Empire , aqui vão mais três! Fique ligado que continuaremos postando as dos episódios...
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Seguindo a maratona de Reviews de Boardwalk Empire, aqui vão mais três!
Fique ligado que continuaremos postando as dos episódios já exibidos.
S03E04 - Blue Bell Boy
Já falei aqui que Boardwalk Empire
tem muitos defeitos, sendo a falta de foco o maior deles. Agora é
engraçado ouvir muita gente cobrar profundidade da série ou pelo menos
um caminho coerente, sendo que quando episódios como Blue Bell Boy
permite humanizar os personagens mais icônicos mesmo quando opta por
desconstruí-los, as críticas infundadas ainda apareçam, então se depois
deste episódio você não vê nada que lhe atraia na série, larguem de bom
grado. Os verdadeiros admiradores agradecem.
Terminado o desabafo, eu sou só elogios, pois há muito tempo Boardwalk Empire,
não fazia um episódio tão cheio de significados e profundidade. Ao ver
que teríamos mais uma vez um enfoque na família de Al Capone e em como
ele está lidando com os negócios de Torrio, eu já sabia que viria boa
coisa, mas todo o drama envolvendo a surdez do seu filho Sonny, teve um
tratamento tão incomum à série que eu me peguei impressionado com uma
trama que pode até parecer destoada do núcleo de Nucky, mas que serve
como um belo paralelo ao mesmo.
Como sua mulher bem apontou, Al não podia fazer nada com o bullie que
espancou Sonny na escola, já que a surdez nem foi o motivo do mau trato,
assim o esquentado mafioso direcionou toda sua fúria ao capanga de
O'Bannion, que quase matou o parceiro de Al ao ver que o gordo Jake era
tão indefeso quanto parecia. O desabafo de Jake pegou Al de surpresa e a
monstruosa cena do bar me fez lembrar que, depois de Richard Harrow,
meu personagem preferido é o Capone.
Além dele, Owen e Nucky estiveram juntos e podemos ver bem mais de tudo
o que realmente define os dois. Nem lembrava mais da carga roubada, mas
tudo fez sentido agora. Quase pensei que o jovem Rowland Smith seria o
novo Owen/Jimmy, mas embalando a proposta de desconstrução, o cárcere no
porão do ladrão serviu para sabermos que realmente em Boardwalk Empire ninguém conhece ninguém, ou aparenta ser o que é.
Se eu me surpreendi com Nucky matando Rowland a sangue frio? Não, mas a
minha surpresa ficou mais nos reais motivos de Owen ser devoto ao seu
chefe, pois antes mesmo do dinheiro, ele enxergou em todas as chances
que Nucky lhe deu, um lar que nunca teve a possibilidade de conseguir, e
é por essas nuances que o texto da série me ganha, sem contar que todas
as cenas na fazenda foram de uma tensão sufocante.
Outro personagem que vem me ganhando desde que retornou é Eli. É visível que antes de tentar reconquistar seu prestígio, ele quer o amor
do irmão, e ele sabe que a única forma de ter a admiração de Nucky é
mostrar que ninguém além dele conhece tão bem como funciona o sistema.
Curioso desde já para a repercussão do massacre em Tabor Heights e podem
ter certeza, Mickey está com os dias contados.
Agora pasmem, a trama avulsa de Margaret me agradou bem mais, talvez
por não ter tomado tanto tempo de tela. O dicionário da saúde da mulher
serviu como alívio cômico, porque é assim que eu vejo todo o lance no
hospital. A venda de heroína em Nova York também teve seu espaço e
gostei bem mais ao saber que a relação de Luciano e Masseria é mais
estreita do que aparenta.
A bela sequência que encerra o episódio somada ao ultimato dado por
Rothstein minutos antes, definem bem o propósito de tudo o que vimos. Não existe irmandade, ou parceria que sobreviva a uma quebra de
promessas, mas talvez para ganhar uma possível guerra que se aproxima
seja preciso rever os conceitos e reafirmar antigas alianças. É meus
amigos, Boardwalk Empire só cresce.
S03E05 - You'd Be Surprise
Se eu
fiquei surpreso? A resposta é sim, porém o mais estranho é que a
surpresa não veio de onde eu esperava. Mais uma semana e mais uma vez Boardwalk Empire
repete alguns erros bobos, mas que em nada tira o brilho de um ano até
agora irretocável. Mas vamos às consequências do último massacre em
Tabor Heights, que poderia ter sido evitado se não fossem as
pretensiosas decisões do irritante Mickey.
É quase certo que Eli recupere a confiança do irmão, mais cedo do que
ele imagina, só não digo que vai acontecer de certeza, pois Nucky está
mais imprevisível do que nunca. Cumprir acordos e manter parcerias é bem
diferente de ser amigos como bem aponta um enraivecido Rothstein, e o
esbranquiçado mafioso quer o carregamento pelo qual pagou de qualquer
forma, não importa que meios Nucky tenha de usar para conseguir. O diálogo dos dois foi uma boa abertura para um episódio um tanto quanto
lento, mas surpreendente.
Ainda sobre Nucky, eu vou poupar esse texto de comentários mais
aprofundados sobre sua relação com Billie, afinal a moça não se encaixou
de forma alguma com a trama, a não ser para termos uma certeza, a de
que ela é uma Lucy Danziger 2.0 mas sem o apelo da mesma. Só mais uma
nota: toda a trama avulsa do musical serviu apenas para vermos um
desperdiçado Chalky e seu fiel Purnsley, fazendo o que fazem melhor,
intimidar. No mínimo esquecível.
Foi com Van Alden e Margaret que o episódio se manteve firme e por
estarem segurando bem as suas tramas, finalmente me surpreendi com os
dois. Agora que é um dedicado pai de família é notável o quanto o agente
se esforça para manter o que ainda lhe resta de bom, resistindo as
humilhações no trabalho mesmo carregando sempre a paranoica sensação de
perseguição. Agradeço por terem deixado de lado o enfoque em sua
religiosidade extrema e optarem por humanizar o personagem com a
silenciosa relação que nutre pela mulher e filhos.
O início da relação com Dean O'Bannion foi bem orquestrada. Juntaram a
antiga impulsividade de Van Alden a violência crua da série, logo o
“inocente” assassinato do federal, que começou com a martelada da esposa
me deixou espantado, mas em nenhum momento soou forçado. O'Bannion vai
ajuda-lo a se livrar do corpo e teremos Van Alden no meio do embate com
Al Capone, isso me anima muito, portanto as apostas para um
desdobramento no mínimo interessante podem sim ser feitas.
Margaret esteve bem e finalmente comprei sua luta. Uma série que se
propõe a refletir ou até mesmo reconstruir fatos históricos, pode ter
uma personagem forte como ela encabeçando a expansão dos direitos da
mulher, afinal a primeira temporada fez isso bem quando a colocou em
paralelo com Lucy. Portanto trate de voltar para o teatro de quinta que
você saiu Billie, Atlantic City já tem uma senhora Thompson.
Outro fato que me despertou a curiosidade foi toda a audição envolvendo
uma investigação sobre os mandados de Harry Daugherty. Tivemos o
retorno do misterioso Gaston Means, fazendo o mesmo que Chalky e a
certeza que a corrupção no departamento da Lei Seca está com os dias
contados. A nova Boardwalk Empire nada seria sem o seu
novo “maddog”, que assusta não só Nucky e Rothstein, como também Luciano
e Lansky. Ele teve um curto espaço, mas Gyp Rosetti foi mais assustador
que nos quatro episódios anteriores, se é que isso seja possível.
Rothstein enganou o siciliano direitinho e a nós também, é claro. Que
acordo que nada, baixar a guarda era só o que ele precisava para iniciar
a apocalíptica chacina que encerra o episódio. Se tudo o que havia
acontecido em Tabor Heights desde a chegada de Rosetti já havia deixado
uma sombra no reinado de Nucky, bastava acabar com o cabeça. Ninguém
contava com o fato de que Rosetti é ainda mais “sangue nos olhos” do que
já aparentava. Tem como se preparar para o que vai vir a partir de
agora? Não, basta olhar essa expressão aqui.
P.S.: Tenho quase certeza que Gillian vai ter um insano financiador a partir da semana que vem.
S03E06 - Ging Gang Goolie
Os sonhos perdidos de uma geração. Impassível de críticas, o episódio de Boardwalk Empire dessa semana, faz algo semelhante ao sensacional Blue Bell Boy,
mas se sai ainda melhor por apostar unicamente nas perdas e demônios de
suas aquebrantadas figuras, sejam eles novos coadjuvantes ou antigos
conhecidos, que definitivamente não tem mais para onde ir e só podem
passar a encarar suas decisões de frente ou seguir um caminho que ainda
gere alguma esperança, mesmo que de forma deturpada.
Podemos começar por Gillian, uma das personagens mais bizarras da
série, vem passando por um período de aceitação e busca de algo pelo que
viver desde que a temporada começou. O bordel ainda não funcionou
(Gillian já foi uma daquelas garotas que agora abriga e sente que mesmo
numa profissão humilhante elas ainda podem se valorizar) e a perda de
Jimmy é algo que a assombra constantemente. A cena em que ela encontra
um sósia do filho e todo o desenrolar posterior, foi desconcertante e
meio triste, eu me senti penalizado por aquela mulher, já que era Jimmy o
seu único porto seguro e nada mais resta para ela. O complexo de Édipo
atingiu outro nível depois de tudo o que vimos.
Ainda falando de perdas, Richard Harrow continua sendo o contraponto
humano de tudo o que se passa ali. É impossível não se identificar com a
constante busca do antigo combatente por achar um lugar em um mundo
que jamais vai aceitá-lo novamente. E foi tocante toda a história
envolvendo o pai que teria dado tudo para ter um filho mutilado, mas
vivo. Harrow entendeu de cara o motivo de ele ter entrado na luta. Já
gostei da breve relação dos dois e mais ainda da forma como a filha do
homem agiu. O aperto de mão mexeu com Harrow. Acho que só Jimmy e Angela
tinham agido assim com ele, podemos somar mais uma cena ímpar para o
episódio.
Chegamos a Nucky, que continua patinando para manter seu império, mas
agora tem de lutar contra gigantes que ele mesmo criou. Harry Daugherty,
George Remus e Jess Smith querem usar Nucky como testa de ferro e se
safar de todo o processo que está sendo aberto pelo senado. Mal sabem
eles que o mafioso é bem mais esperto e tem cartas na manga, como a
aliança incomum com a advogada que quase o colocou na cadeia. Acho
interessante a série focar nessas repercussões mais abrangentes, pois
confere mais credibilidade a história e permite uma urgência maior a
tramas aparentemente desconexas. De todos em Washington, o único que
Nucky deve temer é o Gaston Means. O cara é uma raposa ainda mais
traiçoeira que Rothstein.
Fiquei feliz por Margaret... dois episódios com tramas interessantes e um
enfoque condizente com o poder da personagem. Ela teve que lidar com
uma perda que não era sua, mas que lhe diz total respeito. Desde a
temporada passada que as ações de Teddy deixou sua mãe assustada e mais
uma vez ela achou que o ambiente em que o garoto se encontra está lhe
roubando rapidamente a inocência. Cena forte a que ela bate no garoto e
me fez lembrar o porquê de Kelly Macdonald ter sido indicada a várias
premiações há dois anos. A atriz estava excelente.
Mesmo sem dar as caras, Gyp foi uma presença constante no episódio. O trocadilho com o seu nome foi genial, e podemos confessar que o medo de
Margaret era também o nosso. Alguém pediria um bicho-papão mais
assustador que o maddog? Eu não. A tensão reacendeu a relação
da Sra. Thompson com Owen e confesso que gostei muito, a química entre
os dois sempre cai bem quando não é trabalhada a passos de tartaruga.
Muitos vão dizer que esse foi o episódio mais contemplativo até aqui e
não estarão errados, mas contemplar o que é bom nunca é demais, quando
de quebra podemos nos emocionar com um simples aperto de mão.