[Review] American Horror Story: Asylum S02E01 - Welcome To Briarcliff
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Quando
um retorno supera todas as suas expectativas, a questão que fica é a
seguinte: como pode uma hora serializada ser capaz de despertar um misto
de emoções tão conflitantes? Sabe aquele medo genuíno, que te faz
repensar decisões mesmo ascendendo uma centelha de incertezas, esse medo
reside no maior dos pesadelos humano, o de ser julgado louco quando se
tenta ir de encontro às convenções de uma sociedade antiquada na época
da série, mas que em nada difere do atual estado da nossa. A première de
Asylum tomou
como base essa premissa e a jogou em diversas tramas que foram capazes
de nos despertar uma curiosidade incomum, mas ao mesmo tempo
reconfortante, eu não falei que as diferentes emoções moldarão este
vindouro ano.
Comecemos com a cena que abre a nova história, sobre a decadente
edificação da Mansão Briarcliff nos dias de hoje, Leo (Adam Levine) e
Teresa (Jenna Tatum), trocam flertes e carícias. O jovem casal em lua de
mel invadiu o local para curtir e logo Teresa nos dá um breve informe
de onde estão: uma mansão vitoriana construída em 1908 que abrigava
tuberculosos, mas que na década de 60 foi transformada numa instituição
para loucos criminosos pela igreja católica. Ouvimos então a base do que
provavelmente guiará a mitologia da temporada, diz à lenda que quem
entra no Briarcliff nunca sai (com a Murder House também foi assim) e
veremos muito disso sendo trabalhado.
Ainda rodando pela mansão abandonada, o casal tem uma transa bizarra
numa cadeira de eletro choque, quando ouvem um barulho, que os leva a
uma misteriosa sala trancada tendo apenas uma portinhola, Leo tenta
filmar o local e acaba tendo o braço brutalmente decepado. Corta para a
abertura, a marca registrada de American Horror Story, e posso dizer a
vocês, as imagens aparentemente desconexas estão ainda mais assustadoras
é perceptível o cuidado que os produtores tiveram em montar algo
perturbador, mas que dita muito do que ainda está por vir.
Somos jogados diretos no ano de 1964, o apogeu do Briarcliff, comandado
pela carrasca Irmã Jude (Jessica Lange), o asilo é o lar dos mais
diversos tipos, só que nem todos ali são loucos, ou culpados como a
direção da instituição passa. O sofrido Kit Walker (Evan Peters) acusado
de ser um famoso assassino da época, o Bloody Face, a ninfomaníaca
Shelley (Chloë Sevigny), a doce Grace (Lizzie Brocheré) e a jornalista
lésbica Lana Winters (Sarah Paulson) são os internos com as histórias
principais e o ponto máximo para os produtores foi por conferir tamanha
simpatia a eles em poucos minutos, o principal defeito da temporada
passada.
Em meio aos demônios de cada um, a crueldade do preconceito comandado
pela religiosidade cega me impressionou pela abordagem, afinal era comum
naquela época ser taxado de louco por ter uma opção sexual diferente,
ou se apaixonar por alguém de outra cor. E Jessica Lange fez jus as suas
premiações (a cena do jantar já valeria o episódio), nem duvido que sua
irmã Jude seja figurinha carimbada nos principais prêmios novamente,
aqui faço elogio não só a ela, mas como a todos os atores que retornaram
a série, pois assim como Lange, o talentoso Evan Peters e a simpática
Sarah Paulson foram os rostos desse retorno, apagando totalmente os
traços do atormentado Tate e da médium Billie Dean que haviam
interpretado.
O Bloody Face substituiu o Hubber Man muitíssimo bem, some isso aos
plots envolvendo a abdução de Kit, ou ainda os experimentos do Dr.
Mengele concebido por Ryan Murphy, o Arthur Arden de James Cromwell já
bateu fácil a figura asquerosa do Larry, teremos então uma bomba relógio
intrigante e porque não hipnotizante que vai justificar a promessa de
redefinir o horror, pouco cumprida na primeira temporada. Ryan Murphy é
insano por natureza (Nip/Tuck tá ai para quem quiser vê) e em entrevista
recente ele declarou que suas inspirações para este ano são Brian De
Palma e Dario Argento, sim tia esse episódio mostrou bem as suas fontes,
basta observar a sensação de pesadelo constante. Senti muito do clima
sufocante de Suspiria do Argento. A sexualidade característica de De
Palma também estava presente.
Com um elenco espetacular, direção e fotografia ímpar, e um roteiro
cheio de nuances somado ao texto ácido de tia Ryan e Falchuk, Welcome To
Briarcliff foi a melhor “boas-vindas” que recebi no ano e não é nem por
ser um fã do trabalho do cara, mas tá difícil encontrar algo que tenha o
dedo de Murphy e que não saia menos que genial. A alegria do próprio
produtor ao dizer que se impressionou com a entrega de seu elenco pode
ser sentida em tudo que vimos nos 46 minutos que mais pareceram 20. Se
alienígenas, experimentos nazistas, religiosidade extrema e preconceito
tratada de uma forma um tanto quanto diferente é o que teremos durante
treze semanas, eu não poderia ter escolhido série melhor para admirar.