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[Review] Homeland 4x01/02/03 - The Drone Queen/Trylon and Perisphere/Shalwar Kameez

O dia de Peter Quinn.


O dia de Peter Quinn.

Primeiramente, devo avisar que os textos sobre os primeiros episódios da temporada estão logo abaixo no post. Mas se você prefere já partir de Shalwar Kameez é só continuar lendo abaixo.

O terceiro episódio desta quarta temporada de Homeland dividiu-se entre mostrar o lado emocional de Peter e dar continuidade a investigação de Carrie sobre o responsável pela morte de Sandy. Coincidentemente, ou não, uma coisa levou a outra e basicamente foi um episódio para resgatar Peter, trazê-lo de volta ao jogo e aproveitar para aprofundá-lo ainda mais enquanto personagem. 

Tivemos um ritmo mais lento que o comum, porém não faltou tensão com a operação de Carrie tentando descobrir o que Aayan sabe. A agente usa de Fara e dela mesma para conseguir extrair algo do jovem e, como sabemos, quando Carrie quer algo ela vai além do limite. É interessante notar como ela está lidando com a culpa pela série de eventos catastróficos dos últimos episódio: o ataque ao casamento, e a morte de Sandy. Ela não perde a linha dura para lidar com os membros revoltados de sua equipe, mesmo na hora de reconhecer a culpa. Já no caso de Aayan, diz lamentar o incidente,  e deve ser verdade, mas o objetivo é se aproximar do garoto. Traumas com culpa quem tem mesmo é Peter Quinn. 

O temperamento de Peter sempre foi algo misterioso e impressionante - basta lembrar do interrogatório de Brody, e da desistência de matar o mesmo - e isso se acentua nessa temporada quando ele passa a ser questionado, seja em interrogatório, seja por Dar Adal, pela síndica ou por Carrie. Sendo um homem explosivo e cheio de valores morais, a culpa pela morte de Sandy e as acusações de que ele deu preferência a Carrie o abalaram fortemente, a ponto dele procurar uma saída para isso, ao encontrar um homem suspeito nos vídeos da morte do chefe da CIA. 

Entra em questão os sentimentos dele por Carrie. Mas duas coisas ficam claras: ele a ama, ele está na friendzone, porque Carrie se o ama, não é como amava Brody. Pobre Peter, que deve fazer tudo por ela a partir de agora, já que aceitou retornar atendendo ao pedido da agente. Dessa forma, a série se concentra em Islamabad e nos eventos que ali se desenrolam. Questões pessoais e profissionais se misturam, e ainda temos que ver o que a tal embaixadora vem nos trazer, e o que Saul também pode interferir. Pressinto um aumento da já grande tensão que acompanha cada episódio da série. Por enquanto ainda não há aquela atratividade vista nas duas primeiras temporadas, mas existe uma nova dinâmica mais interessante do que a vista no inicio da terceira temporada. E claro, sem família Brody, o que já melhora muito as coisas.




4x01 - The Drone Queen

                                                   
                                                         "Senhora, há sangue no seu rosto."

E também em suas mãos. 

Após uma terceira temporada instável e muito criticada, Homeland parece querer voltar aos eixos que a levaram a fama e reconhecimento ao longo de seus dois primeiros anos. Para isso, o roteiro volta as atenções para a profissão da protagonista, não esquecendo sua vida pessoal, mas deixando um pouco de lado, se tornando um detalhe e não o objeto central. The Drone Queen traz Carrie Mathison de volta à ativa, coordenando uma divisão anti-terrorista no Afeganistão. A linha narrativa desenvolve uma questão que está novamente nos debates políticos internacionais: As intervenções militares e suas consequências. Seja com drones, seja com jatos. 

O preço da guerra ao terror é altíssimo, não apenas para os EUA. Quem na verdade sofre mais são os povos dos países atacados. Civis são mortos aos montes, gerando o ódio local ao país mais beligerante do mundo. A série abordou muito bem causas e consequência nessa primeira parte. Todo o desencadeamento de eventos, após uma operação - comandada por Carrie - explodir um local onde suspeitava-se estar um terrorista, mostrou como esse quarto ano deve ser recheado de tensão e do já conhecido thriller psicológico. 

Dessa forma, o que poderia ser uma operação bem sucedida, como foram tantas já realizadas por Carrie, se revelou uma grande tragédia, pois no local atacado se realizava um casamento. Ou seja, com centenas de mulheres e crianças mortas, a indignação não partiu somente do Paquistão - onde foi realizado ao ataque - mas de próprios membros do exército, como o piloto do avião que acatou a ordem de ataque e Peter Quinn, o incansável defensor dos oprimidos e inocentes. 

O peso das consequências começam a cair diretamente nas costas de Carrie, que ainda continua a mesma pessoa instável, e não está sabendo lidar com a criticas pela operação. Um indício é recusar atender a chamada de Saul e rebater agressivamente o piloto, e Peter.  No fundo, ao ver o ódio nos olhos do menino sobrevivente ela sabe que foi responsável por um massacre. O problema piora quando forças ocultas, provavelmente terroristas, resolvem explorar o ódio do povo contra os EUA e direcioná-lo aos agentes da operação. Foi o que aconteceu com Sandy.

Com seu rosto divulgado pela TV ficou difícil fugir da ira das pessoas mais violentas, entretanto foi o ponto alto do episódio. Carrie, sempre insana, acreditou ser possível salvar Sandy da multidão em fúria, foi necessário Quinn dar um choque de realidade na agente - e já não é a primeira vez - além de matar pessoas que obviamente ele não mataria se tivesse escolha. Novamente volta a questão se Quinn aguenta a pressão da profissão, seus conflitos éticos sempre o coloca em situações difíceis, e acredito que uma hora deva acontecer um colapso mental do agente. Aprofundar esse lado da série, seria bem interessante para o restante da temporada. 

A moral da história nesse primeiro episódio acaba sendo o que já é muito debatido: violência gera violência, e a guerra é sem sentido. Se Homeland explorar a influência do conflito em cada personagem, num contexto amplo, e não tão específico como se tornou a relação Carrie-Brody, temos bons indícios de um quarto ano melhor que o anterior. A rainha dos drones terá que lidar com o título recebido. Terá que lidar consigo mesma, como na ótima cena final dessa primeira parte, onde Carrie com o rosto manchado de sangue, se olha no espelho. Uma alegoria ao sangue que não é só de Sandy, mas de todos os inocentes mortos devido a operação da agente. São detalhes assim que ainda colocam a série entre as que apresentam algo de qualidade na TV. Enfim, vamos a parte dois.




4x02 - Trylon and Perisphere


Como mãe, Carrie dá uma ótima agente. 

A parte dois deu continuidade aos eventos do primeiro episódio, justificando a escolha por uma premiere dupla. Agora foi dado mais tempo ao lado pessoal da vida de Carrie, que assume totalmente o posto de principal personagem da série (que antes ela dividia com Brody e Saul). E assistimos ao conturbado comportamento da agente diante da filha. Já conhecemos bem a instabilidade mental de Carrie Mathison, e era esperado que houvesse uma rejeição ao bebê. Contudo, claro que choca ver uma mãe tentar afogar a própria filha. Mesmo com o arrependimento, isso mostra que Carrie não tem a mínima condição de ser mãe. A escolha por dar a luz se deve muito mais pelo amor a Brody e a tentativa de ter alguém lembrasse ele - e a filha puxou mesmo ao pai - do que por amor à criança. 

Nada mais previsível do que ela dar um jeito de fugir da responsabilidade. E assim foi. Engajada na causa de descobrir o que levou ao vazamento de informações que resultou na morte de Sandy, ela consegue uma forma de Lockhart - que continua o mesmo de sempre - mandá-la ao Paquistão. Podemos prever uma Carrie focada em seu trabalho mais do que nunca, e já espero por mais momentos e decisões insanas, pois não é fácil lidar com Carrie Mathison. 

Do outro lado, temos Quinn. Quinn também não escapa ileso dos males de sua profissão, como já comentado. Nesse episódio foi interessante notar um paralelo de senso de justiça entre ele e Aayan. Enquanto Quinn não consegue evitar o impulso de punir aqueles que ele julga merecer, o jovem médico não parece propagar o discurso de ódio, nem acha correto devolver na mesma moeda o dano sofrido - parece, pois ainda não o conhecemos muito bem. Ambos tem seus mistérios, e enquanto Peter tenta evitar Carrie e abandonar tudo, Aayan tem que lidar com o fato de ser sobrinho de um terrorista. Esses coadjuvantes se mostram muito mais interessantes que a família de Brody - que felizmente, só vimos a casa e nada mais - e acabam sendo pontos positivos que colaboram com o preenchimento do tempo total do episódio. 

Resta ver o que Saul tem guardado para ele nesta temporada. Por enquanto é só a expectativa de um retorno a CIA, mas não vejo outra forma dele entrar na história se não essa. Vamos só esperar que seus problemas pessoais não ganhem tanto espaço. Fica claro que o negócio é investir em Carrie e, principalmente, missões de campo. Para Homeland voltar a impressionar não basta apenas criar expectativas de tensão, é preciso que ocorra tensão ao longo do episódio, como a série já bem fez várias vezes. Tudo bem um episódio mais sensível, como foi esse, de vez em quando, mas não deve ser uma constante. Em suma, a premiere traz uma nova série praticamente, e eu estou apostando na nova temporada. Sem Brody, novos caminhos podem ser explorados, e ao que tudo indica, assim será.  


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