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[Review] American Horror Story: Freak Show 4x03 - Edward Mordrake (Part 1)

Almas atormentadas. 


Almas atormentadas. 

As tramas fantásticas de American Horror Story sempre provam ser mais do que aparentam ser, mesmo quando mostram uma condução um tanto quanto duvidosa (não é mesmo, Coven?). Utilizar mitos e lendas urbanas para jogar os personagens da história em situações de confrontos extremos é uma característica já conhecida da série, e nunca decepcionou. Logo, esta primeira parte do especial de halloween vem não só para comprovar que a carga dramática de Freak Show será um dos motes principais deste quarto ano, como também fortalece a ideia de que o sobrenatural na série é mais do que uma muleta para sustos baratos.

Edward Mordrake foi um aristocrata inglês que sofria de uma anomalia morfológica chamada diprosopus. A doença resultava numa duplicação craniofacial que, na história médica, sempre levou a morte prematura dos pacientes. No entanto, Mordrake viveu até a idade adulta, mas não sem sofrer as consequências da sua condição. Para o jovem, a segunda face localizada na parte de trás da sua cabeça era uma intervenção demoníaca e, mesmo que ninguém ouvisse, sussurrava barbaridades na sua mente.

A lenda circense em Freak Show guarda diversas semelhanças com a história real só que, claro, o duplo demoníaco de Edward Mordrake e o seu destino final ganham um destaque maior. Segundo a superstição, nenhum artista de circo pode se apresentar na noite de halloween, pois tal ato invoca o espírito de Mordrake, que no passado matou toda a sua trupe e se enforcou por não suportar mais a voz do demônio na sua cabeça. Sabe-se também que, uma vez nesse mundo, ele só vai embora quando leva mais um integrante para sua caravana fantasmagórica.

É a típica história de fantasma que assusta os impressionáveis e desafia os incrédulos, porém em nenhum momento o roteiro de James Wong deixa o plot soar deslocado. Na verdade, o mito coloca - ou já antecipa - que todos os integrantes do circo passarão pelo julgamento espiritual, no maior estilo Charles Dickens (sai aqui a noite de natal e entra a noite de todos os santos). A prévia da tal prova sobrenatural é dada pelo destaque oferecido à Ethel, e Kathy Bates brilha emocionando em todas as cenas em que aparece. Confesso que, mais uma vez, o peso do passado e do presente dos freaks dá um aperto no coração, sendo impossível não se pegar pensando no quanto já fomos omissos ou insensíveis, quando ouvimos Ethel agradecer ao médico pelo tratamento tão humano e reconfortante dado para ela.


Emma Roberts e Denis O'Hare retornam para American Horror Story e, mais uma vez, a condução e a inserção dos novos personagens é acertada e interessante. Esmeralda e Stanley são dois vigaristas querendo fazer dinheiro fácil com a curiosidade mórbida da população das grandes metrópoles por ossadas e restos de aberrações humanas. Assim, nada mais oportuno do que visitar um dos últimos freak shows existentes e coletar alguns espécimes verdadeiros. Essa é outra subtrama que chega tão forte e ácida quanto aquela protagonizada por Jimmy, causando arrepios justo pela frieza como, por exemplo, Stanley fala da vida descartável dos freaks.

Sim, achei forçado Esmeralda conseguir convencer Elsa da sua clarividência com tanta facilidade, mas não devemos esquecer que quando o assunto é o sucesso nos palcos, a dona do circo não pensa muito. Vale dizer também que, de uma forma indireta, foi Esmeralda a responsável pela decisão de Elsa em apresentar uma canção na noite de halloween - Gods and Monsters de Lana Del Rey, soando como se tivesse sido escrita para série - e consequentemente, pela invocação do espírito de Edward Mordrake. Enxergar a condução da história com uma unidade tão forte já conta pontos a favor de Freak Show, e pequenos deslizes podem sim ser perdoados.

A ambição de Elsa também se reflete diretamente em Dot e a gêmea artista começa a mostrar um lado sombrio que antes era apenas sugerido. Achei genial o sonho/pesadelo das irmãs, e reforço que notar essas liberdades criativas no roteiro deixa tudo bem mais elegante e divertido. Vai ficar difícil escolher uma favorita entre as duas se a cada passo dado na história uma acaba roubando a cena da outra.

Quem acaba protagonizando o cliffhanger do episódio é Dandy e o palhaço. O mimado (e psicopata) herdeiro dos Mott tem outro ataque ao receber a fantasia de halloween da mãe, só para mais tarde fazer sua própria versão do figurino do novo “amigo”. Não sei por quais motivos o palhaço vem mantendo uma plateia particular, mas aparentemente ele também terá que lidar com Dandy uma hora ou outra. Pelo que foi antecipado, a noite de halloween está só começando.

P.S.1: Dora é a melhor pessoa, sim ou claro? Vestida de Pica-Pau então, nem se fala. Foi para não parar mais de tanto rir.

P.S.2: Quem aí vomitou arco-íris com Ma Petite dando um susto na Eve?

P.S.3: Então quer dizer que o tripé da temporada é o personagem do Denis O'Hare?

P.S.4: Dell até o momento se mostrou detestável.

P.S.5: Quem notou a sequência inspirada na cena de abertura do clássico Halloween do mestre John Carpenter, no momento em que Dandy usa a fantasia pela primeira vez, pode se dizer um verdadeiro fã de horror.


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