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[Crítica] Sem Coração e Brasil S/A (VII Janela Internacional de Cinema do Recife)


Recife/PE - Por Jo Pais

Sem Coração

O curta pernambucano ocorre em Maceió, quando Léo vai passar as férias na casa do primo e lá se aventura por novas experiências e, numa delas, conhece Sem Coração, apelido dado pelos garotos locais à garota que fez uma cirurgia no coração e carrega em si a cicatriz da qual ela aparentemente se envergonha.

O filme ainda trata da fase da puberdade e traz em cenas fortes das quais resultaram em espanto ao público, talvez pelo fato de se tratar um pouco de “crianças”. Porém, a produção foi acompanha por psicólogo, então calma. Antes da apresentação, pudemos conhecer não só os diretores e escritores Nara Nascimento e Tião, bem como todo o elenco. A atriz Eduarda Samara falou que sua dificuldade em filmar foi que a personalidade fechada da personagem vai totalmente contra a sua pessoal.

Apresentação do Elenco de Sem Coração. Foto: Divulgação
O filme não só conta uma boa história em seu roteiro como também tem uma fotografia magnífica, ajudada, claro, pelo cenário lindo do litoral alagoano. Os diretores fizeram um bom trabalho com as crianças e quanto à atuação de Léo. A montagem e o som também ficaram ótimos e, no final, é possível entender o porquê eles lembraram tanto esses profissionais da equipe.



Confesso que este era um dos filmes de minha maior expectativa neste Festival. E não me decepcionei em nada, pelo contrário, amei o filme mais ainda. Brasil S/A é um filme sem diálogos, porém que diz muito não só sobre o Brasil como país em si, mas também sobre a sociedade como um todo. Crítico e lindo, o filme de Marcelo Pedroso passa uma reflexão imensa ao público a cada cena e corte feito.

A chegada da maquinaria nos canaviais de cana de açúcar muda completamente o cenário dos trabalhadores, assim como a construção de pontes de concreto nos nossos rios e o trânsito caótico com uma resolução por aplicativo de celular. Todas as mensagens transmitidas pelo filme não só são de fácil interpretação como nos questionam: o que está acontecendo conosco?

Apresentação do Elenco de Brasil S/A. Foto: Divulgação
Estamos voltando mesmo aos Tempos Modernos de Chaplin? Aliás, uma referência ótima para o protagonista principal, que faz mesmo num caminho sem cana e continua cortando-a sem parar até virar um operador de máquina também. E o que foi a cena do balé das máquinas com alusão de evolução tecnológica humana no final? Genial e inteligentíssimo!

Como espectadora, simplesmente achei que o filme não poderia impressionar mais... e ele nos levou além. A reza com sua magnífica trilha sonora da música “Sound of Silence” (a mesma de Watchmen para os que não lembram) ficou simplesmente incrível. Um dos elementos bem usados também, já que o filme não tem diálogos falados. Então, parabéns pelo excelente trabalho.

O desfecho do roteiro gera algo tão maior dentro de nós como seres politizados. O simbolismo da bandeira que é demonstrado no final não só é de uma fotografia linda como de um imaginário coletivo maior. Confesso que amei bastante isso no filme, bem como os detalhes de direção de arte do verde e amarelo, que se transformam por filme em um vermelho e na fumaça. Assista ao filme assim que puder, pois vale muito a pena mesmo!

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